quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Os Lambe-sujo




Completamente pintados de negro, os lambe-sujos, nos momentos que antecedem os cortejos e as embaixadas, andam pelas ruas pedindo aos passantes: “Dá, dá, iô, iô”, que significa que se o passante não der dinheiro ou prenda, o lambe-sujo vai “melar” o indivíduo. Antigamente, em meados da década de 50, ainda se tinha o costume dos lambe-sujos “roubarem” pequenos objetos, como banquinhos, talheres, vasos, e para reaver, os donos teriam que dar um agrado ao grupo. Isso era realizado em pleno acordo, posto que os moradores já conhecessem a tradição.
Partindo-se da observação direta e de conversas com os componentes, o estudo pode registrar a existência de uma relação de hierarquia no grupo, bem como todas as suas características.





Personagens:


Em maior número estão os figuras, que são os lambe-sujo, escravos comuns;


O Rei cuja indumentária é diferenciada, composta por uma calça de duchese vermelho,a coroa feita de papel cartão dourado, um peitoral feito com espuma e enfeitado de medalhas, pequenas bonecas e correntes douradas, e a espada (a indumentária do Rei remete à estilização moura, e tal possibilidade é respaldada pela vinda de negros com influências mouras para Sergipe);


O Filho do Rei a indumentária é igual a do Rei;


Negro Forro tem a indumentária similar ao dos outros negros, ele é aquele que fica na forca, numa representação da rebeldia maior de alguns e é também o que fica responsável por avisar a todos sobre a chegada dos índios no quilombo;


Mãe Suzana veste um vestido estampado e carrega na cabeça um cesto de fibra de cipó cheio de utilitários para cozinha como panelas e etc. Simboliza a escrava que foge com os negros para ajuda-los no quilombo;


Pai Juá veste-se de forma característica dos Pretos Velhos, usa uma barba branca, está sempre com um cachimbo e é detentor de “feitiços”;


“feitores”( os Taqueiros) usam calça e camisa de flanela vermelha com colete de couro e como adereços uma taca de couro; figuras trajadas de forma similar a vaqueiros, com gibão e chapéu de couro, e portando chicotes a fim de disciplinar os negros.

OS INSTRUMENTOS:

Os instrumentos que acompanham o grupo são todos de percussão como a cuíca que é mais conhecida na região como onça, timbal, atabaques, reco-reco e outros.






  • Transcrição das músicas do folguedo



1- Tava capinando quando a princesa me chamou

Ô levanta nego cativeiro se acabou

Samba nego - branco não vem cá
Se vier – pau vai leva (bis)

Meu Senhor mandou nego trabalhar

Ô, no capim, de planta, de no samborá

2- Adeus parente já vou me imbora
Pra terra de Conga vou ver Angola
Já vou me embora
Já vou agora
Pra terra de Conga vou ver Angola
Pronúncia local para Congo

3- Oia a nêga cum brinco na urêa
Essa nega ta danada
Ta cum brinco na urêa
Essa nega vai pra fonte, vai cum brinco na ûrea
Essa nega vai lavar, vai cum brinco na urêa
Essa nega vai namora, vai cum brinco na urêa

4 – Meu senhor mandou vou contar pra tu curu
Mas não sou de curu pra tu contar
Sinhá de barriga pra cima
Botando bichinho pra trabalhar
Mais embaixo, nego
Ta certo Sinhá

5- Oi cadê Mãe Suzana, Ô Suzanê
Mãe Suzana morreu, Ô Suzanê
Senhora Mãe Suzana, Ô Suzanê
No oco do pau/ Cadê mãe Suzana

6 – Um mais fogo / fogo de guerra (6x)
Música de batalha


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